A bandeira da sustentabilidade tem ganhado cada vez mais força na agricultura brasileira. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apontam que, no ano passado, a área agrícola financiada pelo Programa ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) cresceu 47%. O levantamento do Mapa mostra ainda que a recuperação de pastagens degradadas, que somam 372,5 mil hectares, é a tecnologia mais buscada pelos produtores rurais para financiamento pelo programa.
Além dessa maior conscientização por parte dos produtores rurais, a atual situação dos fertilizantes químicos reforça ainda esse cenário sustentável. A escassez de matéria prima importada da China vai afetar os mercados de fosfatados e nitrogenados. A importação dessas matérias soma 85%, o que afeta a produção de fertilizantes no Brasil e nos deixa dependente de importação.
“Essa relação de oferta e demanda dos químicos, somado ao alto custo de produção, tem reforçado a aceitação das tecnologias e manejos sustentáveis”, como analisa o mestre em agronomia e coordenador técnico da Tratto Agro, Saulo Brockes. Segundo ele, há diversas técnicas que podem ser utilizadas no campo visando otimizar a produtividade e qualidade da lavoura.
Usualmente, a qualidade do solo agrícola é considerada sob três aspectos: físico, químico e biológico, que estão integrados. Saulo destaca que umas das formas de melhorar a qualidade do solo é a adoção de práticas de cultivo sustentável, que evitam ou praticamente excluem o uso de fertilizantes e defensivos sintéticos. “Dessa maneira, procuramos substituir insumos importados por aqueles encontrados na propriedade ou na região”, diz.
O agrônomo Saulo Brockes acrescenta que os sistemas agrícolas que mais favorecem a qualidade do solo são aqueles que cultivam plantas intensamente, de preferência de espécies diferentes. “Além disso, o produtor também pode adotar práticas como a rochagem para remineralização do solo, calagem para correção da acidez, utilização de bioinsumos com os organominerais para nutrição e a inoculação de microorganismos no solo”, explica ele.
Resultados no campo
O produtor rural Alexandre Ceresa, de Piracanjuba (GO), tem usado o manejo sustentável há dois anos e os resultados, segundo ele, tem sido surpreendentes. “Tivemos um retorno excelente com uso das técnicas sustentáveis, conseguimos diminuir o custo de produção, aumentar a produtividade e ainda remineralizar o solo, devolvendo tudo que foi retirado durante anos”, conta.
Cláudio Leão, de Rio Verde, também é adepto da bandeira sustentável. Segundo ele, a utilização dos pós de rocha, como o Fino de Micaxisto (FMX), possibilita diminuir ou até mesmo eliminar o uso dos químicos e ainda melhorar o solo. “Com isso, o produtor rural vai criando, ao longo do tempo, autonomia, diminuindo o seu custo e produzindo com sustentabilidade”, avalia ele.